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domingo, 8 de dezembro de 2013

Collares Viúva Gomes Reserva Tinto 1965

Característica diferenciadora: 48 anos depois da vindima.

Preço: Indiferente.

Onde: Garrafeiras especializadas

Nota pessoal: 18.5



Comentário:  Este é sem dúvida o comentário a um vinho cujo cuidado fotográfico procura fazer justiça ao respeito e admiração que tenho por estes vinhos. 

Verdadeiros vinhos de culto. 

Estonteante a longevidade, classe e pujança dum produto perecível que após 48 anos continua com um fulgor e qualidade absolutamente impressionantes. 
Pode ser verdade que a região de Collares foi prejudicada pela falta de consistência na qualidade dos vinhos. Tudo bem. Mas os anos que são bons, não são somente excepcionais. São míticos e calibram de novo a percepção sobre o que é a longevidade dum vinho.

Detalhe do contra rótulo
Detalhe de "Collares" como terroir e região
Este, após eu ter provado o de 1967 que estava majestoso, carregava aos ombros a responsabilidade de validar ou fragilizar a minha opinião sobre estes vinhos. Pode ter sido uma garrafa fantástica (a de 67) que num dia em que eu estaria propenso a provar e de gastronomia apropriada me soube extraordinariamente bem... ou o cair dum sonho e afinal não era nada disso... e remetia-nos para um vinho apreciável pela idade, mas nada mais do que isso. 
Mas não. Comprovou e carimbou com relevos de ouro a supremacia do carácter agreste, rude e vincado destes vinhos. Para serem apreciados por quem os queria apreciar. Não devem ser comparados a nada em Portugal. Nem impostos a nenhum enófilo da actualidade. Se não gostar, é indiferente. Arrolha-se e bebemos depois sozinhos.
Detalhe das letras em relevo dourado

O vinho apresenta-se com uma rolha de qualidade superior, retirada sem grande sacrificio apesar de cuidada posição do saca-rolhas e ligeiramente húmida.
Aromas de azeite imediatos. Torrados e tostados juntam-se à festa. Antes da expressão cromática, o potencial aromático é impressionante. 
Na realidade a década de 60 em Collares foi marcante. Nota-se ainda quase meia década depois em garrafa. Inigualável, penso eu. Mas conheço muito pouco ainda.
Viscoso a cair no copo, cor de café escuro de opacidade relevante, é na prova de boca que percebemos exactamente o que estamos a falar. Densidade que se aproxima dum Jerez, mas de expectativa... na realidade é extremamente liquido e nada pesado. 
11% e 0,65L- Curiosidades
É uma partida dos sentidos, que atentando à cor nos precipita para uma ideia de licoroso. Não. Nada disso! 
Vincado na acidez, duro e mineral ainda com muito sabor a ferro inicial, adequado para afastar os mais "inexperientes", é quando se foca nos conteúdos mais terrosos, coloniais ao melhor estilo de café acabado de moer em grão, armazém de coisas antigas mas limpas, ligeiro soalho encerado. 
Brilhante vivacidade, frescura e acidez a contrabalançarem as características mais evoluídas e naturais do bouquet.

Tenaz como o aço, vivo como um riacho escorreito por entre caminhos de pedras e sulcos, estes vinhos são uma enciclopédia para qualquer enófilo... melhor que qualquer workshop que se faça... basta-nos uns bons copos largos o suficiente, paciência para o colocar à temperatura adequada - 14º-15º quando se abre - e paciência e abertura de espírito para provar este vinho ao longo duma refeição. 
Fale-se no fim, não quando se prova pela primeira vez. Temperatura e copos adequados é obrigatório.

Provador: Mr. Wolf

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