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sábado, 22 de dezembro de 2012

Quinta de Roriz Reserva 2003

Característica diferenciadora: Terroir de Douro genuíno

Preço: 25€

Onde: Garrafeiras especializadas
Nota pessoal: 17,5
Comentário: Lembro-me perfeitamente da sensação da primeira vez que bebi Quita de Roriz... 1996 ostentava no rótulo... era um hino a fruta de categoria! Foi há alguns anos... mais de 10... depois, esporadicamente, provei um de 1999 na Bica do Sapato... estonteante também... este talvez já em 2004 ou 2005... onde já existia a nova vaga de vinhos do Douro, mais contemporãneos, expressivos. E este, afirmava-se pela sistematica qualidade e... raridade. Não era um vinho fácil de encontrar.
Felizmente, a partir de 2002 (da safra de 2002 estar no mercado, entenda-se), este vinho apareceu em mais garrafeiras... e a preços mais apetecíveis... sabemos hoje que era o início do fim... no entanto, resta-nos a esperança que ficou em boas mãos a Quinta de Roriz e que a qualidade das suas uvas será bem empregue.

Bom, e este de 2003... que tal está?

Nariz imediato de azeitonas verdes... carne, toucinho quente. Nariz expressivo e pouco comum.
Cor muito negra, com anel rubi vivo. Lágrima densa. Pimenta preta...
Na boca é excelente... acetinado como poucos conseguem, e com acidez vestida de Prada. Fumeiro e charcutaria. Taninos perfeitos... fruta muito delicada... essência de fruta, tipo framboesas.

Um puro prazer. Delicioso. Grande vinho.

Provador: Mr. Wolf 

Luis Pato Vinhas Velhas Tinto 2007

Característica diferenciadora: Clássico
Preço: 15€

Onde: Garrafeiras especializadas e alguns supermercados

Nota pessoal: 16,5
Comentário: Cor já com laivos acastanhados.
Notas de carne fumada... fruta bastante ligeira, encarnada, mas muito ao fundo.
Limpo na cor. Fino e de média opacidade. Notas muito ligeiras (depois de respirar no copo) de caruma de pinheiro. Café ligeiro.
Não está no melhor ano de prova... acho que necessita de mais cave para aprimorar.
Mas é um bom vinho, com estrutura e acidez ainda para dar e vender. Com muita elegância.
Provador: Mr. Wolf 

Chryseia 2009

Característica diferenciadora: Delicadeza e elegância
Preço: 38€

Onde: Garrafeiras especializadas e alguns supermercados (Garrafeira Nacional tem o melhor preço)

Nota pessoal: 18
Comentário: Regresso aos grandes anos de Chryseia.
Chryseia sempre foi uma marca que se impôs pela qualidade inquestionável do produto... e um marketing comedido.
Nunca se fica indiferente a provar Chryseia. É muito bom. É sempre "misterioso" e delicado na prova. E olhando para este de 2009, voltamos a ter a sensação de "joalheria" de quem o provou nas primeiras edições (2000, 2001 e 2003...).
Cor muito viva e brilhante, enche o copo de reflexos rubi escuro.
Nariz discreto, com notas de madeira secundárias a um registo mais mineral, sem excessos de fruta.
Na boca é muito giro. Fino, doce, mas uma doçura diferente das sobrematurações de fruta...e acidez leve, mas presente.
É um estilo de vinho muito peculiar. É uma prova que dá  muito prazer, pois compreende-se que o produto é de extremo pormenor e luxo.
Não é um vinho com excessos de concentração, nem com exuberâncias de notas de madeira. Não "cheira à distância"... mas é um excelente vinho, num estilo muito diferente do que na maioria se faz em Portugal e particularmente no Douro.

Gosto muito. Curiosamente bastante diferente do estilo de vinho que mais aprecio no Douro contemporâneo (Poeira), mas de prova muito, muito boa. Recomendo vivamente que se prove... e se fale depois.

Provador: Mr. Wolf 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Altano - Quinta do Ataíde Reserva 2008



Característica diferenciadora: A forma de trabalhar a Touriga Nacional (sem flores e sem doçura)

Preço: 9

Onde: Garrafeira Nacional, Continente e Jumbo

Comentário: Não sou um grande apreciador de monocastas de Touriga Nacional ou de vinhos onde a mesma se faça sentir de forma muito preponderante. Os vinhos parecem-me muito direccionais e difíceis de ligar com comida. O que quero mesmo dizer é que por vezes me parecem vinhos chatos! Ora, não foi nada o que aconteceu com este vinho, apesar de ser um 100% Touriga Nacional. Apresenta uma cor bastante escura, com notas evidentes de madeira e com muitos frutos pretos. É um vinho possante, estruturado, que enche a boca e com muito boa acidez, o que lhe permite portar-se muito bem á mesa. Tem um final de boca médio/ médio longo. Ganhará em complexidade com mais 1 a 2 anos de cave. É um excelente vinho e uma extraordinária relação qualidade/ preço. Acompanhou uns lombinhos de porco fritos.

Nota: Já provei vinhos bem mais caros dos Symington, de quintas bem mais emblemáticas, que não trocaria por este.

Provador: Bruno Miguel Jorge

domingo, 16 de dezembro de 2012

Poeira 2010


Característica diferenciadora: Ser Poeira

Preço: 30€

Onde: Garrafeiras especializadas e alguns supermercados

Nota pessoal: 17,5 (nota provisória)

Comentário: Ora bem... vamos lá tentar dar estrutura a esta nota de prova:



  1. Quem é adepto de futebol, se assistir ao seu clube favorito durante semanas consecutivas ganhar expressivamente aos seus adversários, não se cansa, pois não?
  2. Se tivermos 6 ou 7 anos de idade e nos largarem numa sala cheia de construções de Lego e com dunas de peças para brincarmos, não nos cansamos, pois não?
  3. Se gostarmos de voz de Ópera (não confundir com a Voz do Operário, por favor) e se de repente entrassemos numa sala, 50 anos atrás, em que a Callas estava in loco a mostrar o que é "soprano", não nos cansávamos, pois não?
É mais ou menos como eu encaro beber Poeira. Sim, beber. A provar dou aos meus amigos, porque eu bebo-o mesmo!

E este Poeira 2010 dá imenso gozo... mas não está fácil ainda...Groselha (na cor) muito escuro, o ataque ao copo com o nariz dá sensações muito químicas...verniz, cedro e algum mofo! Dá ideia de em 2010 a Touriga Nacional está mais expressiva...
Apesar de ser um vinho (o Poeira genericamente) que respira muita mais frescura do que fruta em fartura, este de 2010 anda a pisar os limites... ou seja, eu de fruta encontrei-lhe muito pouco! O que não é mau, entenda-se. Mas parece-me que o vinho está ainda "verde".
Tem muitas notas químicas, alguma humidade e cânfora, com muitas notas mentoladas. Não fosse a prova de boca e com os aromas facilmente nos confundiam para regiões com características mais vegetais.

Decantei-o e verifiquei a temperatura. 16º. Esperei 30 minutos. Estava igual! Bom... Há que respeitá-lo, dar tempo ao tempo e prová-lo, daqui a uns largos meses. No final do último copo, encontrei um resquício de fruta, tipo amoras silvestres. Mas muito ao longe...tudo num registo de elegância e muita persistência.

A provar daqui a uns tempos, quando se harmonizar mais. Ou então, a decantar umas 2 horas antes de beber.
  Provador: Mr. Wolf 

Casa da Carvalha 2009

Característica diferenciadora: Fruta delicada e equilíbrio geral

Preço: 4,99€

Onde: El Corte Inglés

Nota pessoal: 16,5
Comentário: Na senda de "regresso ao Dão" nas minhas escolhas para a mesa, surge o Casa da Carvalha 2009.
Enologia a cargo de Rui Reguinga... apesar de desconhecido o rótulo!
Cor rubi escura e viva. Densidade média, sem opacidade.
Nariz balsâmico muito interessante e fruta confitada em segundo plano. Frutos encarnados, sem exagero. Desperta curiosidade.
Na boca é excelente! Muito acetinado, com acidez e tanino presente mas muito bem integrado no conjunto. O vinho é bastante gastronómico. Não tem excessos de extracção, nem de fruta, tão pouco de madeira. Mas sabe sim, a vinho e do bom. Não tem medo de comidas com sabor mais vincado, como cabrito, cordeiro e afins, mas parece-me um excelente acompanhante para quem gosta de carnes vermelhas, só com sal e mal passadas... ou Rosbife à Inglesa. Na minha opinião, é o que este vinho pede, mas parece-me ter muita polivalência gastronómica.

É vinho para comprar, provar e guardar a avaliar como evolui. A perspectiva é boa, na minha opinião. Muito boa relação preço/qualidade. Escolha muito segura e excelente novidade no panorama nacional. Está fora de modas e espero que assim continue.E esclareça-se, embora custe menos alguns Euros que muitos dos rótulos que encontramos no mercado, parece-me de valor muito superior ao que os Euros supoem. É a minha opinião.

Provador: Mr. Wolf 

La Bernardine Châteauneuf-Du-Pape 2005

Característica diferenciadora: Equilíbrio e densidade

Preço: ~ 40€

Onde: Garrafeiras especializadas
Nota pessoal: 18
Comentário: Bom... e cá estamos outra vez a provar "coisas estrangeiras"... com tanto vinho bom que se faz por cá, como se ouve amiúde... e temos muito orgulho nisso. É olhando para fora de Portugal, que melhoramos a capacidade de apreciar o que temos e/ou ambicionar o que podemos ter, ou não, consoante os terroir permitam ou não. E este é mais um caso desses. Por onde começar? Pelo porquê da escolha desta garrafa... há muito que cobiço este produtor. Admiro a parceria que tem com José Bento dos Santos em Portugal, e é sinal de qualidade segura ser parceiro de José Bento dos Santos... parece óbvio. Porque é Châteauneuf-du-Pape... ou seja não é um cliché de madeira e fruta redonda... ou tostada...

No ataque à garrafa, a rolha é exemplar. Impecável na sua função de vedar, apresenta qualidade que dá vontade de reciclar e devolver ao produtor.

No copo... cor escura, sem ser muito brilhante. Notas violetas. Denso qb, mas ligeiro a acompanhar o movimento do copo. É logo no nariz que se evidencia que não é "fruta do nosso quintal"... "este vinho não é Português..." - manifestou-se logo um dos provadores. E não era.

Elegância é a nota dominante. Se fosse um carro, seria daqueles que enfrenta qualquer subida, descida, curva, recta ou registo de aderência com a mesma determinação e sensação de segurança, passando essas características para um plano de pormenor face ao protagonismo da qualidade. É um vinho de qualidade inquestionável.

Elaborado com Grenache (maioria), Syrah e Mourvédre, é na "fineza" da entrada de boca se se compreende o que é provar este vinho. Muita delicadeza, mas intenso ao mesmo tempo. Equilíbrio nas sensações, alternando especiarias picantes, com notas de fruta sem estar muito madura, estilo ameixas pretas. Mas não é na fruta que o fascínio se sustenta... é no balancear suave e delicioso das sensações... sem ser doce, adoça. Sem ter taninos espigados, percebe-se que estão lá. Ser manifestar acidez, é fresco... parece que quando a prova fica muito doce, lá vem um "bombeiro" de sabores providenciar umas notas mais coloniais, de café torrado em grão, ou ligeiríssimo cacau. Quando se renova no copo, lá vem outra vez uma fugaz sensação de "verdura", imediatamente transformada no frutado enunciado anteriormente.
Pimenta branca.

Muito, muito bom!
Provador: Mr. Wolf 

Xisto 2005

Característica diferenciadora: Crescimento em cave

Preço: 25€

Onde: Garrafeiras especializadas
Nota pessoal: 17 
Comentário: Vinho inovador no estilo em Portugal... surge numa década de muita força e afirmação da marca do Douro. Passados 7 anos, mantém os seus "genes" imaculados. Escuro e opaco, sangue de boi. Brilhante qb. Aromas presentes de madeira austera, mas sem incomodar. Fruta com muitas notas de cereja. Especiaria.
As notas de madeira acompanham a prova toda. Apesar da predominância de Touriga Nacional no lote (cerca de 60%), não está predominante na prova, surgindo notas picantes que dão muita profundidade à prova, persistência e frescura. Está em excelente forma, com muita estrutura ainda e sem medo nenhum de mais anos de cave. Excelente Douro.

Provador: Mr. Wolf 

Duque de Viseu 2001

Característica diferenciadora: Crescimento em cave

Preço: 5€

Onde: Distribuição
Nota pessoal: 16  (conservadora a nota em virtude da década que já leva de cave...)

Comentário: Foi com bastante resistência que abri a última da caixa de 6 que adquiri há muitos anos... ainda a tentar recriar o mito da garrafa de Duque de Viseu de 1996 que uma vez provei em casa de amigos e que surpreendeu todos os convivas face à qualidade e frescura apresentada... devo dizer que deve ter sido desse ano... no entanto, esta garrafa vincou o carácter de crescimento em cave que o terroir do Dão confere aos vinhos.

Cor adequada. Rubi, com ligeiros laivos castanhos. Aromas de caruma de pinheiro.Muita elegância. Fumo ligeiro. Fruta muito, muito, escondida. Na prova de boca constata-se que os taninos estão perfeitos com acidez no ponto. Bolo inglês. Há medida que respira no copo, manifesta-se untuoso e mantém  muita, muita frescura, nada chateia.
Quando se renova o copo, as nota de eucalipto surgem outra vez em primeiro plano. De renovação em renovação, este é daqueles vinhos cujas garrafas parecem mais pequenas.
Tinto clássico português, sem medo nenhum de cave. Delicioso. Vinho à Francesa, fora de modas e com personalidade bem vincada. Não faz favores a ninguém e não se veste nem de madeira, nem de excessos de fruta doce e madura. E ainda bem.
Pela prova que este deu, 11 anos após a safra, vou comprar mais 2 ou 3 caixas do actual, e feliz aguardar mais uma década para as provar.


Provador: Mr. Wolf