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domingo, 24 de março de 2013

Quinta das Bágeiras Garrafeira Tinto 2008



Característica diferenciadora: Baga tradicional.

Preço: 25€


Onde: Garrafeiras especializadas (eventualmente nos supermercados Intermarché, pois vendem os Colheita)

Nota pessoal: 18

Comentário: Quinta das Bágeiras é sinal de tradição, terroir e genuinidade a fazer vinho no coração da Bairrada. É Português e produz-se em função das suas melhores práticas... Portuguesas. Pena é que exista, em quantidade menos do que o desejável, Portuguses a saberem o que é vinho "a saber a vinho Português" e não a sumo de fruta e demais essências. Mas são sinais dos tempos, que felizmente, estão a mudar. 
Pode-se conhecer ou não o estilo destes Garrafeiras... mas é impossível não apreciar. São sempre vinhos de muito carácter, muito vigor e de prova de boca marcante.

Este Garrafeira Tinto 2008 impressionou-me em Novembro pela garra que tinha e pelo facto de ter já aptidão para se deixar beber. Voltei a provar agora, para tirar as dúvidas.

Escuro na cor, quase opaco, mas muito vivo e de cor muito bonita, quase púrpura nos reflexos. Rubi escuro, limpíssimo, vivaço.
No copo - usei os copos Riedel específicos para a Borgonha ao invés dos habituais Syrah cá da casa - a limpeza de cor, opacidade adequada a um Baga e a bonita cor, não deixam adivinhar o verdadeiro Samurai que está lá dentro!

Cheira a Bairrada... nem sei se não é a Bairrada que cheira a Bágeiras... pois estes vinhos têem sempre vincadas as características mais dominantes de como deve ser um Baga contemporãneo. 
Vegetal, verde, cedro, resinas, bosque... e muitos mentolados... faz lembrar aquelas cápsulas dos eucaliptos tão generosas em aromas frescos. Quase desentope o nariz mais obstruído... isso é que era... ter vinho deste a ser aviado em Farmácias, de preferência sob prescrição e comparticipado pelos seguros de Saúde. Isso é que era conversa.

Na prova de boca é um verdadeiro guerreiro! Assumidamente Baga, destemido, vinhas com mais de 75 anos, solo argilo-calcário,  sem desengace e estágio em barricas avinhadas... querem mais o quê? 

Já pronto para se beber, embora a decantação seja obrigatória... esta garrafa, decantei para um decanter, esperei, voltei a decantá-lo para a garrafa e por fim, decantei de novo para o decanter antes de servir. Sempre com cuidado para não agitar o vinho, mas sim de forma a acelerar o seu contacto e reacções com o ar.

Assertivo na entrada de boca e cheio de personalidade. Duro, sem atenuantes de barrica... vinho para quem  sabe o que é vinho para durar décadas.
Seco e verde, com a fruta a surgir só após longo tempo em copo. Nota-se o carimbo evidente de 2008... onde os vinhos surgiram mais elegantes e frescos, eventualmente por maturações mais dificeis, não sei. Mas apesar de 2008 não ter vinhos de "encher o olho" logo, são vinhos que vão dar que falar ao longo dos anos. Mas voltando a este excelente Garrafeira 2008, está fantástico e obriga a confecção gastronómica com preceito.
Fruta silvestre, sem ser muito doce, mas é no seu lado mais vegetal que encanta. Tem peculiar elegância e finesse, embora necessite na minha opinião, de pelo menos 2 a 3 anos em cave para "crescer" mais. Depois... depois deve ser guardá-lo por décadas.

Provar Bagas destes quando "acabam de nascer" é uma satisfação muito grande para mim... faz-me perceber que estou a provar um vinho, já com idade suficiente para o apreciar, e felizmente, saúde que me permite ter ainda mais longevidade que o vinho para o ir provando... assim espero!

Excelente. Obrigatório comida de confecção que garanta persistência de sabores... senão, nem se dá pela comida!

Provador: Mr. Wolf 

1 comentário:

  1. Mr. Wolf,

    bebi pela segunda vez, a semana passada, este Garrafeira de 2008. Resinas, vegetal, muita pimenta (tal como o Reserva do mesmo ano) eucalipto, fresco. Pede comida da boa e consistente. Está bem mais bebível que o Reserva, que se enciontra muito mais fechado e vegetal, quiçá mais bruto do que este Garrafeira. Será engraçado ver a evolução dos dois. Abraço.

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