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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Prova cega e Psicanálise... Wine Penacova Meeting!


Característica diferenciadora: Gestão de expectativas e aumento de ansiedade!


Definição: Provavelmente, e passe a publicidade, a Pepsi deve ser a mais antiga e mediática divulgação de "prova cega" da actualidade... essencialmente, a prova cega é uma ferramenta de estudo de mercado para produtos, em comparação com os preferidos dos consumidores (líderes de mercado). 

Era "aquele" anúncio da TV dos anos 80 em que depois de virarem o copo, os consumidores surpreendiam-se que era Pepsi! Nunca conheci ninguém na vida real que se surpreendesse com Pepsi como no anúncio, mas que o anúncio era marcante, era!

E no vinho?

Uma prova cega não é mais nem menos que uma prova em que o vinho a ser provado não é dado a conhecer antecipadamente aos provadores! Simples. Tapa-se a garrafa, ou decanta-se e serve-se.

Agora, começando pelo negativo...O que não é:


  • Uma competição para ver quem utiliza mais clichés;
  • Um exame para Iniciação ao Estudo de Enologia;
  • Um Teste Vocacional para aptidões a Escanção;


Porquê a Psicanálise?

Porque o objecto de estudo da Psicanálise (a mente... o funcionamento cognitivo e maturidade emocional) supõe essencialmente da parte do Psicanalista, em cada sessão e perante a pessoa, uma atitude de se "esvaziar" de expectativas, preconceitos ou juízos de valor... simples, não é?

A prova cega também é assim... deve ser um exercício, essencialmente de integridade intelectual conosco próprios. Se formos verdadeiros conosco próprios, tudo é mais fácil!

Assenta numa relação de confiança com as nossas dúvidas, com as nossas intuições e com a capacidade de ir integrando de forma saudável, as experiências (sensoriais) anteriores das provas, nas novas, e criando a partir daí. Sem preconceitos! E muito importante... sem ter medo de errar. Tolerar a capacidade de se frustrar... desde que vá aprendendo com isso, obviamente.

Também convém ter capacidade de insight... senão, prova-se o vinho e desata-se numa avalanche opiniosa, estilo método de associação livre de ideias, e conclui-se que os aromas de barrica de determinado vinho não são mais do que um problema olfactivo, somatizado e com a "mãe" como responsável máxima.

Ou seja... muitas vezes, o silêncio é bom. Muito bom. E como existem silêncios difíceis... mas na prova cega, provar e ficar calado, também não tem nada de mal. Repito... provar e ficar calado, não tem nada de mal!

Não há uma relação de capacidade de prova e obrigatoriedade de falar a cada "golada" de vinho.

Provar às cegas é um exercício narcísico, para quem realmente gosta de provar vinho e não tem medo de partilhar as sensações que retira daí com outros "convivas".

Este tema dava pano para mangas... até porque o vinho historicamente sempre teve muita espiritualidade... liberta a palavra, aumenta a sensibilidade, e quando conduzido de forma adequada, ultrapassa barreiras.

O nosso encontro anual de amigos em Penacova, meritório no nome pela banalidade do mesmo, Wine Penacova Meeting, ao longo destes 10 anos muito teve de "Wineanálise". Por isso se repete, por isso se renova, e por isso mesmo é revitalizador. E ainda não chegámos nenhuma vez à conclusão que muitas das divergências que temos, são culpa da "mãe" de nenhum! Mas também... os vinhos normalmente são "top"! As "mães" que fiquem descansadas.

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